“Me sinto realizado na profissão, alcancei, graças a Deus, o sonho que eu desejava no mundo da cantoria.”

José Gonçalves Pereira, ou Zé Francisco, como é conhecido profissionalmente, nasceu na cidade de Mauriti – CE, no ano de 1957, e é filho de Francisco Basílio Gonçalves e Maria Emília da Conceição. Em Mauriti residiu até seus 36 anos, quando mudou-se para Juazeiro do Norte – CE (no ano de 1993), onde reside atualmente. Hoje, com 60 anos de idade, faz da cantoria sua profissão de vida.

Zé Francisco iniciou a carreira de cantador no ano de 1974, quando morava ainda na cidade de Mauriti, e orgulha-se por lembrar detalhadamente de suas primeiras cantorias, como data, local e valor obtido:

A primeira (cantoria) que fiz foi no dia 02 de Agosto de 74, na casa do meu próprio pai, no município de Barro (Ceará) […]. A cantoria rendeu 20 mil cruzeiros, na época. No dia 02 de Setembro do mesmo ano, no caso com 30 dias depois, fiz a segunda cantoria, essa deu 35 mil cruzeiros, com o mesmo parceiro. A terceira cantoria foi na casa do pai desse companheiro, também no município de Barro, essa deu 46 mil cruzeiros, já subiu mais um pouco”.

A partir disso, começou então a excursionar pelo sertão. E foi durante essas viagens que Zé Francisco passou a conhecer outros cantadores e a ganhar experiência, elevando seu nome como repentista. Segundo ele próprio, não possui qualquer herança poética por parte de pai, como ele mesmo brinca: “parece que a estrela não brilhou muito desse lado”, em compensação, do lado materno, possuía muitos poetas, permitindo-o crescer rodeado de primos cantadores.

Durante todos esses anos dedicados à cantoria, teve dois CD’s gravados com outro poeta da cidade de Barro – CE e um DVD com o poeta Zé de Freitas, da cidade de Juazeiro do Norte. Este DVD traz um apanhado de gravações realizadas nos diversos festivais que pôde cantar ao lado deste poeta.

Durante sua entrevista o poeta lamentou o fato da cantoria não possuir tanto apoio das políticas públicas caririenses, e completou dizendo que seu verdadeiro público está no campo, onde é muito convidado a fazer shows, reafirmando que nesse espaço ele pôde encontrar um público que realmente aprecia a arte do cantador. Sobre os shows, o poeta disse que em períodos de chuva (janeiro a março) há uma demanda maior de trabalho, por tratar-se do período de safra. Em contrapartida, nos meses subsequentes, há uma baixa nas apresentações.

O poeta salienta a importância de levar os conteúdos da cantoria para as Escolas e as Universidades, segundo ele “a cultura é uma coisa que só traz desenvolvimento”, e reafirma que “os professores e os mestres devem chamar mais cantadores, mais duplas para fazer mais shows nesses espaços”. E se coloca disponível a levar sua arte para onde for chamado.

Agradece a Deus pelo patamar que a cantoria o elevou, reconhecendo não ser o um dos melhores cantadores, mas sentindo-se realizado na profissão.

foto-2

(A entrevista aconteceu no dia 27/06/2017 na rádio Verde Vale para o projeto De Repente em Ação).

Contato do poeta para shows: (88) 99951.1033